Cerca de 4 milhões de brasileiros já aderiram à prática;
especialista dá dicas de preparação e ensina como evitar lesões
As
corridas praticadas na rua estão atraindo a atenção dos brasileiros. No
Brasil, empresas do setor calculam que já são mais de 4 milhões de
praticantes que percorrem trajetos de, em média, 10 quilômetros por
prova. Mais de 600 eventos desse tipo devem acontecer no país este ano
(cerca de 200 só em São Paulo), estima a Comissão Nacional de Corridas
de Rua. A saúde do corredor é um aspecto fundamental para garantir bons
resultados. O ortopedista Ari Zekcer, especialista em medicina esportiva
pela Unifesp e cirurgião do joelho, dá algumas dicas para quem tem
interesse pelo esporte ou já pratica a modalidade.
Antes
de mais nada, deve-se ter consciência de que é necessário preparação. O
primeiro passo é fazer um teste ergoespirométrico, para avaliar as
funções cardiológica e respiratória. Alguns casos de hipertensão ou
cardiopatia, por exemplo, podem fazer com que a corrida seja
contra-indicada.
Outra recomendação importante é
estabelecer um cronograma gradativo de treinamento. “Não se pode correr
um quilômetro em uma semana e, na seguinte, querer disputar uma prova de
dez quilômetros”, ensina o médico. “Muitas pessoas começam a correr sem
informação e, depois que se machucam, vêm procurar tratamento”, avalia
ele. O trabalho de aquecimento e alongamento é imprescindível – antes e
depois da prova. Além disso, é aconselhável a orientação de um
treinador, que ajuda a elaborar as planilhas de corrida e, assim, evita
as sobrecargas. A hidratação também é muito importante durante a prova.
A
lesão que mais acomete o praticante de corridas de rua é a tendinite
(inflamação dos tendões), que afeta principalmente o joelho, maior
articulação do corpo humano e segunda área mais afetada pela prática de
esportes em geral. O tornozelo, por sua vez, é o primeiro em termos de
entorses. “É recomendável usar tênis apropriados, com amortecedores e
contrafortes laterais, mas nunca novos. Os sistemas de amortecimento têm
durabilidade média de 500 quilômetros e, após esse período, devem ser
trocados”, recomenda o médico. A meia soquete evita bolhas e também deve
ser usada. Em relação às roupas, bermuda de tactel com abertura lateral
e camiseta regata são boas opções, já que facilitam a transpiração.
Obesos
devem evitar as corridas, já que nesse caso há uma grande sobrecarga na
coluna lombar e na patela (pequeno osso que se articula com o fêmur,
cobrindo e protegendo a articulação do joelho). “A recomendação é que a
pessoa inicie a prática com caminhadas em terrenos planos. Assim, pode
adquirir um bom condicionamento físico e então começar a praticar as
corridas”, sugere o especialista.
Não há idade máxima
para praticar as corridas de rua e, tomados os devidos cuidados, é
possível evitar problemas futuros e ainda garantir bons tempos.